· Geograficamente pertencentes à América do
Sul, fazem parte, por critérios socioeconômicos, históricos e culturais, da
América Latina.
· Está localizada na porção ocidental da
América do Sul estendendo-se no sentido norte-sul e é formada pela Venezuela,
Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Chile.
Aspectos
naturais
· A característica mais marcante do relevo da
América Andina é a Cordilheira dos Andes que se estende de norte para sul
acompanhando o oeste da América do Sul e é o aspecto comum do quadro natural
dessa região. Encontramos também planícies litorâneas estreitas acompanhando o
Pacífico e outras planícies na porção oriental nas terras baixas amazônicas. Em
meio às montanhas que formam os Andes também registramos a existência dos
altiplanos na Bolívia e no Peru.
· O clima na cordilheira apresenta o típico
comportamento das áreas com elevada amplitude altimétrica. Ao subirmos a
Cordilheira registramos temperaturas cada vez menores e a presença de neve
permanente nos picos mais elevados. É o clima de montanha. No sentido norte-sul
registramos os climas: equatorial, tropical, desértico (sul do Peru e norte do
Chile), mediterrâneo e temperado (diminuindo as temperaturas em direção ao sul
do Chile). A presença do Deserto de Atacama no Chile e Peru é explicada pela influência
da corrente marítima fria de Humboldt. Suas águas geladas dificultam a
evaporação e os ventos úmidos provenientes do Pacífico condensam-se sobre ela
provocando chuvas sobre o oceano. No continente, por essa razão, os índices de
umidade são muito reduzidos. Esse deserto pode atravessar períodos de até 25
anos sem o registro de chuvas. Sua atmosfera muito seca é propícia à observação
astronômica.
· A vegetação acompanha o clima observando-se
a presença da Floresta Equatorial Amazônica, arbustos como os lhanos da
Venezuela, Florestas Tropicais, xerófitas e estepes (Atacama) e Floresta
Temperada de Coníferas no sul do Chile.
· Os rios de maior destaque na América Andina
são o Madalena na Colômbia, o Orenoco na Venezuela e um trecho do rio Amazonas
no Peru. Na vertente do Pacífico os rios são curtos em extensão devido à
proximidade do local de nascente (Andes) e o local da foz (Oceano Pacífico).
Aspectos
humanos
· Na América Andina predomina o elemento
mestiço do branco europeu (colonização espanhola) e do indígena (lembrando a
importante presença de uma civilização pré-colombiana nessa região: os incas).
Evidentemente observamos exceções como o Peru e o Equador com maioria indígena.
A religião predominante é a cristã católica. Na cultura dos povos andinos a
influência indígena também é marcante.
· São países subdesenvolvidos com grandes
desigualdades sociais internas e maioria de população muito pobre com baixa
qualidade de vida. O Chile parece apresentar nas últimas décadas uma
significativa melhoria em seu padrão de vida.
· A população concentra-se nas planícies
litorâneas e nos altiplanos. As planícies orientais, na Amazônia, e a maior
parte da Cordilheira, acidentada e elevada, constituem os vazios demográficos.
Devido a um rápido e intenso processo de urbanização a região apresenta maioria
urbana, mas graves problemas sociais e de infraestrutura nas cidades
decorrentes de uma urbanização recente e desordenada.
Aspectos
econômicos
· A América Andina reúne países de economia
primária monoexportadora, principalmente de recursos minerais. São economias
subdesenvolvidas dependentes de tecnologia e capitais e das cotações dos
produtos primários no mercado externo.
· A Venezuela tem como destaque o petróleo,
explorado pela PETROVEN no baixo curso do rio Orenoco e na região do Lago
Maracaibo. É grande exportadora e membro da OPEP. Secundariamente poderíamos
destacar o minério de ferro e o café. Sua renda per capita mais elevada em
comparação aos outros países andinos deve-se aos recursos obtidos pela
exploração de petróleo, mas a renda é mal distribuída e a pobreza é expressiva
nesse país.
·
A Colômbia é o
segundo maior produtor e exportador de café no mundo, concorrente direto do
Brasil nesse mercado. Exporta petróleo, mas não é membro da OPEP. Enfrenta
graves problemas internos com a produção de drogas e com o narcotráfico,
atividades que se tornaram significativas na economia desse país.
· O Equador é um país muito pobre e sua economia
depende das exportações de banana e petróleo (já foi membro da OPEP).
Recentemente eliminou sua moeda, o sucre, em favor da adoção do dólar. O Peru
apresenta uma pauta de exportações mais variada mas igualmente dependente de produtos
primários: prata, petróleo, pescado (favorecido pela Corrente de Humboldt),
ferro, chumbo e algodão. A Bolívia é exportadora de estanho e gás natural
(gasoduto Brasil-Bolívia) e está aumentando sua produção de petróleo.
· Utiliza-se do porto de Santos para seu
comércio exterior. Também enfrenta problemas com o narcotráfico. O Chile
apresenta a economia mais aberta e estável da região e de toda a América do
Sul. No norte do país destacam-se as atividades mineradoras como o cobre,
principal produto de sua economia. A região central, de maior concentração
populacional, apresenta a produção de cereais, frutas e concentração
industrial. No sul atividades turísticas, exploração madeireira e agropecuária.
A produção pesqueira também é grande favorecido pela mesma Corrente de Humboldt.
É exportador de vinho, azeite, pescado, cobre e tem procurado diversificar mais
sua economia com o desenvolvimento do setor industrial. Tem se caracterizado
por uma economia muito aberta aos investimentos externos e busca associar-se ao
NAFTA enquanto espera maior evolução do MERCOSUL e a possível criação da ALCA.
Apresenta os melhores indicadores sociais e o melhor IDH da América do Sul.
Problemas
e atualidades
· Politicamente é ainda uma região instável
com democracias frágeis, resquícios de períodos ditatoriais e rumores de novos
golpes de Estado, corrupção e envolvimento de governos com grupos
narcotraficantes.
· Nas fronteiras da Venezuela com o Brasil
observam-se problemas de contrabando de ouro envolvendo a prisão de brasileiros
que invadiram o território venezuelano para extrair ouro ilegalmente.
· A Colômbia enfrenta o poder de cartéis de
narcotraficantes que influenciam sua política interna, movimentam muito
dinheiro e, devemos reconhecer, criam muitos empregos e renda para a pobre
população desse país. Monta-se atualmente uma ação militar conjunta da Colômbia
e EUA para
· o combate ao narcotráfico (Projeto
Colômbia). Outros governos sul-americanos argumentam que esse combate deve ser
feito por um plano integrado dos países da região e, claro, existe muita
resistência à intervenção militar norte-americana: o combate ao narcotráfico
poderia ser um pretexto à internacionalização da Amazônia. Evidentemente,
deve-se pensar nos milhares de colombianos que vivem dessa atividade. O combate
à produção e ao tráfico vai lançar muitos habitantes desse país no desemprego e
em uma pobreza ainda maior. São necessários investimentos que criem
alternativas de
· atividades econômicas para o sustento dessa
população. O governo colombiano também enfrenta a atuação de grupos guerrilheiros
como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, o grupo M-19 e o Exército
de Libertação Nacional (ELN).
· O governo peruano também tem combatido
ferozmente grupos guerrilheiros no país como o Sendero Luminoso. O combate para
eliminar o poder desses grupos rendeu vários mandatos ao ex-presidente Alberto Fujimori,
acusado de um autogolpe de Estado e de governos envolvidos em escândalos de
corrupção.
· Até mesmo o estável Chile tem se envolvido
em discussões sobre a participação e comando do General Augusto Pinochet na
ditadura instalada na
· década de 1970. Partidários do ex-ditador
tentam defendê-lo de acusações no Chile e fora do país que visam condená-lo por
atitudes de desrespeito aos direitos humanos e outros crimes cometidos durante
a ditadura chilena. A queda no crescimento da economia chilena, dentro desse
quadro político, pode trazer novas instabilidades a esse país.
AMÉRICA
PLATINA
· Formada pela Argentina, Uruguai e Paraguai
localiza-se na porção sul da América do Sul em grande parte abaixo do Trópico
de Capricórnio.
Aspectos
naturais
· A unidade geográfica dessa região é
garantida pela Bacia do Prata ou Platina, formada pelos rios Paraguai, Paraná e
Uruguai. Esses dois últimos terminam juntos no Estuário do Prata, entre a
Argentina e o Uruguai, despejando suas águas no Atlântico. O rio Paraguai é um
afluente do rio Paraná.
· O relevo da América Platina é composto por
uma cordilheira na porção ocidental, nas fronteiras com o Chile: os Andes,
dobramento moderno com elevadas altitudes. No sul da Argentina destaca-se o
Planalto da Patagônia e, dominando a região, encontramos planícies como a do
Chaco, ao norte, sujeita a alagamentos, e a dos Pampas, com solos férteis,
ocupando extensões consideráveis no Uruguai e Argentina.
· O clima varia desde o tropical ao norte ao
desértico frio na Patagônia, passando por áreas subtropicais nos Pampas e de
montanha nos Andes, também caracterizado pela baixa pluviosidade. As vegetações
incluem as estepes no sul, florestas tropicais e savanas ao norte, campos ou
pradarias nos Pampas e Florestas de Pinheiros.
Aspectos
humanos
· A América Platina apresenta maioria de
cristãos católicos, predomínio de brancos na Argentina e Uruguai e mestiços e
indígenas no Paraguai. Encontramos maioria de adultos e de população urbana na
Argentina e Uruguai e maioria de jovens e população rural no Paraguai.
· A Argentina e o Uruguai apresentam um
padrão de vida e um IDH elevados, assim como o Chile na América Andina. Apesar
disso enfrentam problemas sociais e econômicos. O Uruguai já não é mais
considerado a Suíça da América do Sul como foi no passado. O padrão de vida na
Argentina também tem declinado devido às sucessivas crises econômicas,
apresentando hoje um elevado índice de desemprego. Comparando-se esses dois
países com o Paraguai percebemos que esse último apresenta um padrão de vida
nitidamente inferior, sendo considerado um dos mais pobres da América do Sul.
Seu IDH é baixo refletindo-se em maior analfabetismo e mortalidade infantil e
em uma menor expectativa de vida.
· Paraguai e Uruguai apresentam uma população
reduzida e a Argentina tem um total de habitantes equivalente ao Estado de São
Paulo. Observamos também forte concentração populacional nas regiões
metropolitanas de Buenos Aires e Montevidéu, com aproximadamente 1/3 dos
argentinos e uruguaios respectivamente.
Aspectos
econômicos
· O Paraguai apresenta uma economia de base
primária e uma industrialização muito limitada. A entrada de brasileiros no
Paraguai, muitos como proprietários de terras, tornou esse país um exportador
de soja, além de produzir outros gêneros agrícolas tropicais como o algodão e o
tabaco. Também realiza atividades extrativas vegetais como a erva-mate e o
tanino e o turismo ligado à atividade comercial especialmente na fronteira com
o Brasil e a Argentina. A construção de usinas hidrelétricas em parceria com o
Brasil (Itaipu) e Argentina (Iaciretá) permitiu ao Paraguai também se tornar um
exportador de energia elétrica excedente no país. Nas savanas em sua porção oeste
desenvolve também a pecuária.
· O Uruguai tem como base econômica a
pecuária extensiva de corte, com a criação de bovinos e ovinos. Secundariamente
destaca-se o cultivo de cereais como o trigo e o milho. As condições naturais
dos Pampas facilitam muito essas atividades com o relevo aplainado e suaves
ondulações, os solos férteis e o clima moderado. Sua indústria está diretamente
ligada à produção agropecuária sendo as têxteis e alimentícias as principais. O
Uruguai é exportador de produtos como a carne, lã, couro e derivados. O turismo
associado ao litoral e zonas de livre comércio como o Paraguai completam sua economia.
· A Argentina apresenta a economia mais
complexa na América Platina. O norte do país, região do Chaco, produz gêneros
tropicais (cana, algodão) além de atividades extrativas e também a pecuária. É
a área tropical da Argentina, uma planície baixa sujeita a alagamentos. No sul,
na Patagônia, destacam-se a criação de ovinos, cultivos irrigados e a produção
de petróleo e gás (lembre-se que a Argentina exporta petróleo para o Brasil).
Na porção oeste, junto aos Andes, destacam-se oliveiras e videiras (exportação
de vinho) além da extração de carvão e petróleo. Entre os rios Paraná, Iguaçu e
Uruguai está a região da Mesopotâmia, com produção de arroz, erva-mate,
algodão, tabaco e com uma posição geográfica que pode lhe favorecer por estar
em contato com os parceiros da Argentina no MERCOSUL: Brasil, Paraguai e
Uruguai.
· A região dos Pampas, onde se encontra a
Grande Buenos Aires, é a mais importante do país. Concentra mais de metade do
rebanho argentino, destaca-se pela grande produção de cereais (trigo, aveia,
milho, girassol) e pela forte concentração industrial (alimentícias, têxteis,
mecânicas, siderúrgicas, automobilísticas...). A Argentina é o terceiro país
mais industrializado da América Latina, após o Brasil e o México.
Problemas
e atualidades
· A região da América Platina também se
caracterizou por suas ditaduras militares, variando quanto à duração nas
décadas de 50, 60 e 70, com a redemocratização sendo efetivada nos anos 80. Governos
populistas e golpes de Estado também fazem parte do perfil político da região.
Ainda hoje percebemos no Paraguai uma maior instabilidade política com
tentativas de golpes e assassinatos políticos. Resquícios do descontentamento
com os períodos de ditaduras militares, com as atrocidades e perseguições
cometidas, ainda permeiam os debates políticos na tentativa de alguns grupos de
conseguir punição aos executores desses regimes ditatoriais que ainda estão
vivos, ou de expor publicamente os atos de perseguição política que os governos
militares executaram, seguidos ou não da morte dos opositores a esses regimes.
· No Paraguai, os brasiguaios enfrentam uma
situação difícil dentro da recente crise política desse país, com os conflitos
com os paraguaios sem-terra que invadem suas fazendas. No Uruguai, o
crescimento econômico conseguido em 1997 e 1998 com o desenvolvimento do
MERCOSUL não apresentou sequência devido à crise enfrentada pela Argentina e
Brasil a partir de 1999, importantes parceiros comerciais do Uruguai e as duas
mais fortes economias desse bloco.
· A Argentina vem enfrentando sérias
dificuldades econômicas, especialmente desde o início das crises financeiras
internacionais que atingiram a Rússia e o Brasil, levando a uma desvalorização
do real em 1999. Possui uma moeda atrelada ao dólar através de uma política de
paridade cambial. A insistência na manutenção de um câmbio fixo, o sucateamento
de seu parque industrial, a perda de competitividade dos produtos argentinos devido
à sobrevalorização de sua moeda enquanto seu principal parceiro no MERCOSUL, o
Brasil, desvalorizava o real, a valorização do dólar no mercado mundial, a
diminuição dos investimentos estrangeiros no país e até mesmo o encerramento da
atividade de muitas empresas na Argentina, transferindo suas linhas de produção
para o Brasil, são importantes fatores que explicam as dificuldades atuais
vivenciadas por esse país. Sua população assiste a perda de seu poder de
compra, a perda de prestígio da Argentina no cenário internacional (com a desconfiança
do mercado financeiro sobre o futuro do país e de sua capacidade de honrar
compromissos externos), a elevação do desemprego, as sucessivas trocas de nomes
na condução de sua política econômica, a falta de perspectivas e a crescente
insegurança sobre seu futuro até mesmo de curto prazo.
· Ao mesmo tempo, essa situação tem provocado
crises no MERCOSUL, observando-se as pressões de setores produtivos arcaicos,
não competitivos, sobre seus governos (na Argentina e no Brasil) no sentido de
estabelecerem proteções alfandegárias para seus produtos, supostamente dentro
de um regime de exceção, mas que fere os princípios da própria constituição
desse bloco. Notamos até mesmo a falta de consenso para tratar de questões externas
que interessam ao Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai como a questão da TEC
(Tarifa Externa Comum), a evolução do bloco de uma União Alfandegária para um
estágio mais avançado como conseguiu a União Europeia ou até mesmo a posição a
se tomar nas negociações preparatórias para a formação futura da ALCA. O fato é
que, no primeiro semestre de 2001, as incertezas dominam o futuro da Argentina
e do próprio MERCOSUL, incapaz de responder se conseguirá se expandir e se
fortalecer, resolvendo seus problemas internos, ou se deixará de existir antes
mesmo de conviver com um bloco maior como a ALCA proposta para 2005.
Fonte: Geografia Crítica. Ed. Ática, 2010. Imagens Google.
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