Chegada dos portugueses, a área do Brasil possuía 2,5 milhões de Km². Expansão territorial: em decorrência de atividades econômicas e o avanço a oeste das terras do Tratado de Tordesilhas.
A ocupação se iniciou no litoral, tendo na extração de pau-brasil e o cultivo da cana-de-açúcar uma atividade de vínculo com a costa litorânea. Século XVIII, os portugueses incursionaram pelo vale amazônico, avançando para o interior.
A mineração exerceu importante papel na expansão do território. As expedições dos bandeirantes para o interior e a necessidade de abastecer a região desempenharam papel fundamental para unir economicamente outras regiões do país.
No século XVIII os portugueses conquistaram a Amazônia, o Centro-Oeste e o Sul por meio do Tratado de Madri.
No século XIX, o látex na Amazônia impulsionou o Brasil a adquirir o Acre da Bolívia, fato concretizado em 1903.
Quinto maior país do mundo, o Brasil conta com um território de 8.514.876,60 quilômetros quadrados de extensão. Com todo esse tamanho, para efeitos administrativos, nosso território é dividido em cinco regiões: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul. Essa divisão regional, que fica a cargo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), objetiva reunir estados com traços físicos, econômicos e sociais comuns, o que ajuda no planejamento de políticas voltadas para áreas com necessidades semelhantes.
Mas nem sempre o Brasil foi “repartido” da forma como é hoje, tendo sido estabelecidas muitas divisões regionais no decorrer da história. A atual está em vigor desde 1970, mas sofreu algumas alterações depois da Constituição de 1988. O estado do Tocantins foi criado com a divisão de Goiás e incorporado à Região Norte. Além disso, Roraima, Amapá e Rondônia deixam de ser territórios para se tornar estados.
A despeito do tipo de recorte, contudo, o fato é que as disparidades entre as regiões são muito grandes. Para ter uma ideia a Região Sudeste, a segunda menor em área, possui o maior número de habitantes, o maior percentual de pessoas que vivem em cidades e é responsável por mais de metade do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A Região Nordeste, por sua vez, apresenta alguns dos mais baixos indicadores sociais. A Região Norte, com o segundo menor número de habitantes, possui o maior contingente de população indígena e apresenta o mais alto índice de crescimento demográfico. A Região Sul, seguida de perto pela Sudeste, é a que apresenta os melhores indicadores: tem o menor índice de mortalidade infantil, a menor taxa de analfabetismo e o mais alto IDH. A Região Centro-Oeste, embora conte com uma população menor, apresenta acelerado crescimento demográfico, atrás apenas da Região Norte.
Regionalização do Brasil
1938: criação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), objetivo: levantamento de dados estatísticos acerca do Brasil e seus habitantes; mapear melhor o país de grande extensão e população mal distribuída. O IBGE, por meio do censo demográfico, realiza periodicamente o levantamento de informações econômicas. Tais pesquisas servem para que os governos federal, estadual e municipal possam planejar e programar políticas públicas em saúde, educação, saneamento, habitação e etc.
Em 1942, o IBGE publicou a primeira divisão regional oficial do país. Critérios utilizados: aspectos naturais do território, relevo, clima e vegetação dos estados. O país agrupado em cinco regiões: Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste.
Década de 70, o IBGE estabelece nova divisão, critérios: físicos, econômicos e sociais. Organização cinco macrorregiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Regionalização de 1980, desmembramento do Mato Grosso e criação do Mato Grosso do Sul.
Em 1988 a região Norte ganha o estado do Tocantins, desmembramento territorial e político de Goiás.
As regiões e suas características
Região Norte: formada por sete estados (Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará e Tocantins) a região é banhada pelos grandes rios das bacias Amazônicas e do Tocantins. Em todo o Norte predomina o clima equatorial. É uma área de baixas altitudes, o ponto mais alto do Brasil se situa no estado do Amazonas. O Pico da Neblina possui em torno de 3014 metros de altura. A Amazônia, a mais rica e a maior floresta tropical do mundo, um território único pela variedade indescritível de sua flora e fauna, estende-se por nove países da América do Sul, dos quais o Brasil fica com a maior parte da mata, 60% do total. Na Amazônia brasileira, cortada de ponta a ponta pelo Rio Amazonas e empapada por mais de 1.000 de seus afluentes, caberiam quatorze Alemanhas ou vinte países do tamanho da Inglaterra. Não há outro lugar no mundo com tamanha variedade de espécies de pássaros, peixes e insetos. Numa área insignificante da mata tropical brasileira, uma extensão que se cruza a pé em algumas horas, existe mais diversidade de plantas do que em toda a Europa. O solo da Amazônia, argiloso ou arenoso em sua maior parte, é fraquíssimo. As árvores se nutrem do próprio material orgânico que cai ao chão. Galhos, folhas, flores, frutos, vermes, insetos, fungos tudo isso se desprende das copas e se amontoa no solo. O material apodrece, desfaz-se na terra e é sugado pela teia superficial das raízes. O chão da Amazônia não é o reservatório em que as plantas vão buscar os nutrientes, como acontece em outras regiões. Na maior floresta do mundo, o solo é só o lugar onde as árvores se apoiam fisicamente, nada mais. Retirada a capa verde, a terra não tem força para reerguer sozinha uma nova mata. A chuva tem um mecanismo parecido. A Amazônia só existe porque chove muito na região. Metade dessa chuva vem do Oceano Atlântico. A outra metade resulta da evaporação do suor da floresta, um fenômeno que os especialistas chamam de evapotranspiração. Região pouco populosa e povoada; etnia indígena; atividade econômica baseada no extrativismo vegetal e mineral, além de soja, arroz e mandioca; a pecuária se caracteriza pelo gado bovino e bubalino.
A região concentra 85% dos 107 mil hectares de terras indígenas e, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), abriga 305 mil índios de diversas etnias. Amazonas, Pará e Roraima são os estados com a maior concentração indígena. No decorrer das décadas, os estados do Norte também receberam grandes levas de outras regiões, sobretudo no Nordeste.
Além do intenso extrativismo vegetal, de produtos como o látex e madeira, a região é rica em minérios. Lá estão a serra dos Carajás (PA), a mais importante área de mineração do país, rica em manganês, ferro e ouro, e a serra do Navio (AP). A economia foi bastante beneficiada com a instalação, no fim da década de 1960, da Zona Franca de Manaus, baseada em políticas de incentivo fiscal. Com mais de 500 indústrias instaladas, o Polo Industrial de Manaus responde por cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do Amazonas. Nos últimos anos, contudo, o crescimento econômico tem ocorrido à custa de atividades de grande impacto ambiental: o aumento da pecuária extensiva – um terço do rebanho do país está na Amazônia -, o avanço da agricultura, sobretudo das lavouras de soja, e, por fim, a extração de madeira. Grande parte do desmatamento da Amazônia se dá para a criação de gado. O ritmo do desmatamento da Amazônia diminuiu nos últimos anos. Em 2004, 27 000 quilômetros quadrados da floresta foram derrubados. Entre agosto de 2007 e junho de 2008, a taxa de havia caído para menos da metade: 12 000 quilômetros quadrados. Mesmo assim, a situação preocupa. Estima-se que 17% da vegetação amazônica já tenha sido destruída.
Região Nordeste: formada por nove estados – Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Bahia -, a maior parte da região é constituída por relevo planáltico antigo e aplainado pela erosão, além de chapadas e depressões. Os climas predominantes são o tropical e o semiárido. Domínio vegetal de mata atlântica. Predomínio da caatinga em grande parte do território. A hidrografia fica por conta do Rio São Francisco (rio perene). Baixos índices socioeconômicos.
O Nordeste reúne os mais baixos índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, com altas taxas de mortalidade infantil, desnutrição e analfabetismo.
A história nordestina é marcada pelos movimentos migratórios. No fim do século XIX, o ciclo da borracha na Amazônia deu início à migração dos nordestinos que aumentou e no século XX para o Sudeste, com a industrialização, e para o Centro-Oeste, com a construção de Brasília. Além da atração econômica de outras regiões, os fluxos migratórios são motivados pelo período de seca.
Nos últimos anos a economia nordestina vem apresentando crescimento. Com a guerra fiscal (concessão de benefícios fiscais pelos governos estaduais com o objetivo de atrair empresas), uma série de indústrias se instalou nos estados nordestinos para fugir da carga tributária mais pesada no Sul e no Sudeste. Além disso, a região é a segunda extratora de petróleo do país – lá funciona um dos polos petroquímicos mais importantes: o de Camaçari (BA). Apesar dos longos períodos de seca, a pecuária e a agricultura vêm ganhando destaque. A boa adaptação das cabras ao clima faz com que o Nordeste tenha o maior rebanho do país. A cana-de-açúcar é o produto agrícola de destaque, mas as lavouras irrigadas de frutas tropicais têm crescido em importância na produção nacional.
Na última década, o sertão nordestino, região geralmente ligada à miséria de seus moradores e à seca, ganhou um novo ânimo com a produção de frutas para exportação. Os estados nordestinos já são responsáveis por mais de 40% das exportações de uva, abacaxi, goiaba, melão, melancia e manga do Brasil. Estão nessa região os três estados que mais produzem frutas no país; Bahia, Pernambuco e Ceará. Em apenas um ano, entre 2007 e 2008, a venda de frutas para o mercado mundial dobrou no Ceará. E o pequeno estado do Sergipe já é o terceiro maior exportador de suco de laranja do Brasil, que lidera esse mercado no mundo.
A região também está lucrando com a produção de mel – já que as abelhas se abastecem do pólen das árvores frutíferas – e até mesmo com a produção de vinhos. Regiões do vale do rio São Francisco (férteis e secas, mas com acesso fácil a água para irrigação) são as mais cobiçadas pelos agricultores. Com a transposição do rio São Francisco, mais regiões do Sertão podem se tornar atraentes para a fruticultura. Mas há o risco de a mesma obra atrapalhar a economia em áreas já banhadas pelo rio.
Outro setor relevante na economia nordestina é o turismo. Com suas belas praias, Salvador (BA), Fortaleza (CE), Natal (RN) e Recife (PE) estão entre as cidades brasileiras mais visitadas por estrangeiros.
O Nordeste tem a maior taxa de mortalidade infantil do país, em torno de 33,2 mortos para cada mil nascidos vivos.
Região Sudeste: formada pelos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro -, a região situa-se na parte mais elevada do planalto Atlântico, onde estão as serras da Mantiqueira, do Mar e do Espinhaço. Os climas predominantes são o tropical úmido, semiúmido e tropical de altitude. A temperatura e umidade sofrem variação altimétrica, maior ou menor proximidade com o mar. Vegetação: a mata tropical nativa (mata atlântica) que cobria o litoral e boa parte do interior foi devastada durante o povoamento. O relevo planáltico do sudeste confere grande potencial hidrelétrico à região. Em Minas Gerais ocorre o encontro da nascente de duas importantes bacias hidrográficas: a do rio Paraná, que se forma próximo à região conhecida como Triângulo Mineiro, e a do rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra. Economia: atividade industrial seu ponto forte, a agricultura e a pecuária também se destacam.
A região é a que concentra a maior população do país, com cerca de 80,9 milhões de habitantes em 2011, mais de 40% do total brasileiro. É também a que tem a maior densidade demográfica e o mais alto índice de urbanização: 93%. Abriga as duas mais importantes metrópoles nacionais – São Paulo e Rio de Janeiro. Com Belo Horizonte, as três formam as maiores regiões metropolitanas do país, reunindo 20% da população. Se, por um lado, o Sudeste responde pela maior parceria da riqueza do Brasil, por outro é a região que mais sofre com o desemprego e o crescimento da violência. Ainda assim, seus indicadores sociais estão entre os melhores do país.
Com o maior parque industrial do Brasil, o Sudeste responde por mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. É também a região mais urbanizada. Os serviços e o comércio são os principais ramos de atividade. Além disso, a faixa litorânea da região abriga a maior parte das jazidas de petróleo do país, como as situadas na Bacia de Campos (RJ), de onde saem mais de 80% da produção nacional. A descoberta de gigantescas reservas na Bacia de Santos (SP) abre uma importante fronteira para a exploração de petróleo e gás no país.
Região Centro-Oeste: formada pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal, a região localiza-se no extenso Planalto Central. Seu relevo se caracteriza de terrenos antigos e aplainados pela erosão, além de planaltos e depressões. A região possui a maior bacia fluvial do país, o Pantanal. Uma área sujeita a cheias na maior parte do ano. O clima predominante é o tropical úmido e semiúmido. Os verões são úmidos e os invernos secos garantindo extensas áreas de cerrado. .
O povoamento do Centro-Oeste resulta de dois movimentos migratórios. Um vem do Sul e do Sudeste, em virtude do transporte do gado às fazendas que ali começaram a instalar-se e da ação dos bandeirantes paulistas. O outro movimento vem do Nordeste, também ligado ao comércio de gado, acaba criando e, fortalecendo os primeiros povoados da região. No século XX, as maiores ondas migratórias vem do Nordeste e ocorreu a partir dos anos 1950, com a construção da nova capital federal, Brasília.
O crescimento econômico da região deve-se, sobretudo, ao bom desempenho do setor agropecuário. Com quase 70 cabeças de gado, o rebanho bovino do Centro-Oeste é o maior do país. Na agricultura, os produtos mais importantes são o algodão, o milho e, principalmente, a soja, cuja colheita responde por mais da metade da produção nacional. Por outro lado, a região enfrenta o desafio de aliar o crescimento econômico com a preservação ambiental. A adaptação da soja ao solo do cerrado devastou grande parte da vegetação local, e a cultura do grão avança perigosamente para o norte do Mato Grosso, rumo à floresta Amazônica.
Região Sul: formada por três estados Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, a região vive sob a influência do clima subtropical, responsável pelas temperaturas mais baixas registradas no Brasil durante o inverno. A vegetação nas áreas mais altas acompanha a variação da temperatura nos locais mais frios, onde predominam as matas de Araucária (pinhais) – que estão reduzidas a apenas 2% da área original – e, nos pampas, os campos de gramíneas. As terras são de altitudes mais elevadas em torno de 600 metros e clima subtropical Nas áreas mais altas; os campos formam-se nos pontos de menor altitude. A região recebeu, a partir do século XIX, importante contingente de imigrantes europeus, principalmente de alemães, italianos e eslavos, cuja influência étnico-cultural se faz presente de forma notável. A indústria vem alcançando importante crescimento, mas a agropecuária ainda tem grande importância na economia regional.
A região é marcada pela chegada dos imigrantes europeus, a partir da primeira metade do século XIX, que contribuíram para o desenvolvimento da economia, baseada na pequena propriedade rural de policultura.
A localidade apresenta os melhores indicadores de mortalidade infantil, a educação e saúde do país e possui a segunda maior renda per capita, inferior apenas à do Sudeste.
O setor de serviços responde pela maior parte das riquezas da região. Depois vem a indústria – com destaque para os setores metalúrgico, automobilístico e têxtil. A agropecuária também é importante: o Sul detêm quase metade da produção nacional de grãos, e, nos pampas gaúchos, a principal atividade é a criação de rebanhos bovinos. Existe, ainda, grande potencial hidrelétrico, com destaque para a Usina de Itaipu, localizada no rio Paraná, na fronteira do Brasil, no estado do Paraná, com o Paraguai.
Os complexos regionais
Em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger criou uma divisão regional não oficial. O objetivo era apresentar uma crítica à divisão do IBGE.
Essa divisão não segue a fronteira dos estados, porque entende que há heterogeneidade dentro deles. Assim, por exemplo, o norte de Minas gerais faria parte do Nordeste porque suas características socioeconômicas e geográficas seriam semelhantes. O mesmo valeria para o oeste do Maranhão e o norte do Mato Grosso, territórios integrantes da Amazônia.
O autor usou como critérios os aspectos econômicos e geográficos e subdividiu o país em três complexos: o Nordeste, o Centro-Sul e a Amazônia.