quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Dinâmica climática no Brasil

·         Conceito de tempo: é o conjunto das condições atmosféricas de determinado lugar em determinado momento;
·         Clima: é a média das condições atmosféricas desse lugar, ou seja, é o resultado da repetição de um determinado tipo de tempo, por anos sucessivos, nesse lugar.
·         O tipo de tempo é definido pela interação de alguns elementos básicos da atmosfera: a temperatura, a pressão, a umidade e a precipitação, que variam sob a ação de inúmeros fatores, entre os quais se destacam a altitude, a latitude, a maritimidade, o relevo e , sobretudo, as massas de ar.
·         O Brasil é um país de dimensões continentais, seu clima é influenciado por uma gama de fatores. Três deles se destacam, por exercerem influência direta: a latitude, a altitude e as masas de ar.
      Latitude
·         A posição geográfica do Brasil é de baixas latitudes. Os pontos extremos são: norte-sul é à nascente do Rio Ailã (RR) até o Arroio Chuí (RS) são 4394,7 Km;
·         Nascente do Rio Moa (AC) até Ponta do Seixas (PB) são 4319,4 Km;
·         No extremo norte na latitude 5°N e o extremo sul na latitude de 33°S. Dessa forma, cerca de 92% do seu território localizam-se na faixa intertropical do planeta, em que predominam os climas quentes.
·         Em Macapá, no Amapá, a temperatura média é de 26,9°C e em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul é de 20°C.     
      Altitude
·         O relevo do Brasil caracteriza-se pelo predomínio de baixas e médias altitudes, o que também favorece o predomínio dos climas quentes. Em algumas áreas, especialmente do sul e do sudeste (na chamada “região das terras altas”), onde há altitudes mais elevadas, as temperaturas oscilam mais do que no resto do país.
·         O ponto mais alto do Brasil é o Pico da Neblina no Amazonas, medindo 3014 metros de altura.
      Massas de ar
·         O território brasileiro recebe a influência de cinco grandes massas de ar:
·         massa Equatorial continental (mEc) – massa de ar muito quente e extremamente úmida, pois se forma sobre a floresta Amazônica – sobre a qual permanece o ano inteiro – e o centro-sul do país, para onde se estende no verão;
·         massa Equatorial atlântica (mEa) – massa bastante quente e úmida que, ao penetrar no país pelo litoral setentrional, causa chuvas intensas;
·          massa Tropical atlântica (mTa) – formada um pouco ao sul do trópico de Capricórnio, é uma massa de ar quente e úmida devido à sua origem marinha. Desloca-se na direção do mar oriental e meridional do país, ocasionando muitas chuvas orográficas (também chamadas chuvas de relevo;
·         massa Polar atlântica (mPa) – originada no extremo sul da América do Sul, na Patagônia, normalmente atinge o Brasil deslocando-se sobre o oceano. É responsável pelas mais baixas temperaturas e por um alto índice de chuvas frontais (causadas pela ocorrência de frentes).
      Classificação Climática do Brasil
·         Costuma-se destacar oito grandes domínios climáticos no país:
·          Equatorial Super Úmido – abrange a porção mais ocidental da Região Norte, especialmente os estados do Amazonas e do Acre. Sofre a influência direta da mEc durante todo o ano, o que faz com que apresente temperaturas elevadas e chuvas intensas todos os meses.
·         Tropical Úmido do Nordeste – ocorre no litoral oriental da Região Nordeste. Sob a ação direta da mTa, é bastante quente, úmido e chuvoso quase o ano todo. Apresenta uma curta estação seca (outubro a dezembro) e uma maior concentração das chuvas nos meses de outono e inverno.
·         Tropical – abrange maior parte da Região Centro-Oeste, trechos do Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará e Bahia), Sudeste (Minas Gerais) e Norte (Roraima e Pará),  além do litoral das regiões Nordeste e Sudeste. Sob a influência da mTc e da mTa, apresenta temperaturas elevadas o ano todo e chuvas intensas, porém concentradas no verão, com um inverno muito seco.   
·         Semiárido – ocorre no interior da Região Nordeste, que abrange quase todo o Sertão Nordestino e o vale médio do rio São francisco (trecho conhecido como Polígono das Secas). Área atingida esporadicamente pela mTa, que após causar chuvas orográficas na passagem pelo litoral, aí chega com um mínimo de umidade. Caracteriza-se pelas elevadas temperaturas o ano todo e por chuvas escassas e irregularmente distribuídas ao longo do ano.
·          Tropical de altitude – típico das áreas planálticas e serranas da região sudeste, abrange parte de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e norte do Paraná. Sofre a influência da mTa , que ao chegar ao litoral (Serra do Mar) descarrega muita chuva. Elevando-se depois, na direção do planalto , é ainda muito úmida, mas passa a apresentar uma suave queda térmica. Caracteriza-se por temperaturas brandas e chuvas intensas, concentradas no verão. No inverno, é relativamente comum a ocorrência de geadas.      
·         Subtropical com verões quentes – ocorre ao sul do trópico de Capricórnio, ou seja, na porção meridional de São Paulo, parte do Paraná e nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Sob a ação direta da mPa, apresenta temperaturas médias mais baixas e elevada amplitude térmica. As chuvas são bem distribuídas ao longo do ano e a ocorrência de geadas é frequente nos meses mais frios.  
·         Subtropical com verões brandos – ocorre nas áreas de altitudes mais elevadas da Região Sul, especialmente nos trechos serranos do centro-leste de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Sob a ação direta da mPa, apresenta as mais baixas temperaturas do países chuvas pouco intensas. No inverno (junho a setembro), além da ocorrência comum de geadas, é frequente a precipitação de neve.

Fonte: Ed. Anglo Ens. Médio, 2008. 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Brasil: estados, capitais, área, população e municípios

Região Norte
Amazonas – Manaus – (1.567.953 Km²) –  3.483.985 – 62  
Acre – Rio Branco – (153.697 Km²) – 773.559 – 22
Rondônia – Poto Velho – (238.378 Km²) – 1.562.409 – 52
Roraima – Boa Vista – (225.017 Km²) – 450.479 – 15
Amapá – Macapá – (142.358 Km²) – 669.526 – 16
Tocantins – Palmas – (277.321 Km²) – 1.383.445 – 139
Pará – Belém – (1.246.833 Km²) – 7.581.051 – 144

Região Nordeste
Maranhão – São Luís – (331.937.450 Km²) – 6.574.789 – 217
Ceará – Fortaleza – (148.920.472 Km²) – 8.452.381 – 184
Piauí – Teresina – (251.577.738 Km²) 3.118.360 – 224
Pernambuco – Recife – (98.148.323 Km²) – 8.796.448 – 185
Sergipe – Aracajú –  (21.915,116) – 2.068.017 – 75
Paraíba – João Pessoa – (56.469.778 Km²) – 3.766.528 – 223
Alagoas – Maceió – (27.778.506 Km²) – 3.120.494 – 102
Rio Grande do Norte – Natal – (52.811.047 Km²) – 3.168.027 – 167
Bahia – Salvador – (564.733.177 Km²) – 14.016.906 – 417

Região Centro-Oeste
Mato Grosso – Cuiabá – (901.420 Km²) – 3.035.122 – 141
Mato Grosso do Sul – Campo Grande – (5.794 Km²) – 2.449.024 – 79
Goiás – Goiânia – (340.165 Km²) – 6.003.788 – 246
Distrito Federal – Brasília – (357.471 Km²) – 2.570.160 – 1

Região Sudeste
Espírito Santo – Vitória – (45.733 Km²) – 3.514.952 – 78     
Minas Gerais – Belo Horizonte – (586.624 Km²) -19.597.300 – 853
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro – (43.653 Km²) – 15.989.929 – 92
São Paulo – São Paulo – (245.255 Km²) – 41.282.199 – 645

Região Sul
Paraná – Curitiba – (199.323 Km²) – 10.444.528 – 399
Santa Catarina – Florianópolis – (95.318 Km²) – 6.248.436 – 295
Rio Grande do Sul – Porto Alegre – (280.674 Km²) - 10.699.929 – 497
População por regiões
Sudeste – 80.364.410
Nordeste – 53.081.950
Sul – 27.386.410
Norte – 15.864.454
Centro-Oeste – 14.058.094
Fonte: Geografia e Participação. Ed. IBEP, 2012. IBGE@estados. Imagens: Google. 

domingo, 11 de agosto de 2013

Consequências da Guerra Fria

· Conferência de Bretton Woods, realizada nos Estados Unidos em 1944, reuniu os presidentes dos países Aliados e teve como principal objetivo planejar a estabilização da economia mundial, então abalada pela guerra.
· Entre as decisões tomadas estão: o dólar norte-americano tornou-se a moeda de referência no mercado internacional, ou seja, o valor das mercadorias comercializadas entre os países seria definido não mais pela libra esterlina inglesa como ocorria, mas pela cotação do dólar no mercado mundial; foram criadas duas organizações financeiras mundiais: o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), cuja função era fornecer empréstimos financeiros aos países em dificuldades econômicas; foi instalado o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt) órgão supranacional que passaria a regular o comércio internacional.
As alianças militares na Guerra Fria
· O confronto direto entre Estados Unidos e União Soviética era evitado ao máximo, pois isso resultaria numa catástrofe planetária, esses países passariam a financiar diversos conflitos armados regionais como forma de cooptar um maior número de nações aos seus respectivos blocos. Durante aproximadamente quatro décadas de Guerra Fria, dezenas de conflitos armados ocorreram no planeta.
· A guerra do Vietnã recebeu uma investida maciça dos Estados unidos foi a que repercutiu mais intensamente na opinião pública internacional.
· Durante parte do conflito, os norte-americanos mantiveram no território vietnamita um efetivo militar composto de cerca de mais de 500 mil homens prontos para combater guerrilheiros comunistas do Vietnã.
· Após inúmeros combates e milhares de baixas, as forças norte-americanas foram derrotadas e reti8raram-se da região.
· Os vietcongues tomaram Saigon (capital do Vietnã do Sul) e, em 1976, o País foi oficialmente reunificado sob o regime comunista.
· Durante a Guerra Fria consolidaram-se alianças militares lideradas por Moscou e Washington, como a Organização do tratado do Atlântico Norte (OTAN) – aliança firmada em 1949 entre Estados Unidos, Canadá e países da Europa Ocidental – e o Pacto de Varsóvia – tratado estabelecido em 1955 entre a União Soviética, Albânia (que se retirou em 1968), Polônia, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária. Outras alianças foram criadas pelos norte-americanos na Ásia e Oceania, como forma de impedir o avanço socialista na região.
· A corrida armamentista entre as duas superpotências veio como forma de alcançar um equilíbrio de poder em escala mundial. Ambas acreditavam que, quanto mais bem equipadas militarmente, mais protegidas estariam de uma ofensiva do inimigo. Desenvolveram tecnologias bélicas altamente sofisticadas nas áreas aeronáutica, naval, espacial e terrestre, que foram aplicadas à fabricação de aviões de caça, navios, submarinos, tanques e mísseis, muitos deles carregados com ogivas nucleares (ogiva nuclear: artefato bélico que contém carga nuclear, sendo geralmente acoplado a um míssil de médio ou de longo alcance).
A conquista espacial
· O domínio tecnológico e científico espacial poderia definir a supremacia de uma ou de outra superpotência tanto no campo econômico como no campo político-ideológico. Simultaneamente à corrida armamentista, ocorreram importantes conquistas ligadas ao conhecimento do espaço sideral, como a criação de satélites artificiais, de naves tripuladas e de sondas de exploração que possibilitaram obter quantidades de informações sobre a Lua, o sistema solar e o Universo, ambos inexplorados.
· A URSS saiu na frente e em outubro de 1957, lançou ao espaço uma pequena esfera dourada dotada de um transmissor, o Sputnik, primeiro satélite artificial produzido pelo ser humano. Em novembro do mesmo ano, os soviéticos lançaram o Sputnik 2, que se destacou por ter sido a primeira nave tripulada  por um ser vivo (a cachorra Laika).
· No ano seguinte, os norte-americanos lançaram o Explorer I, satélite artificial que transportava aparelhos de pesquisa. Nessa mesma época foi criada a Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço (Nasa), a agência espacial norte-americana.
· No ano de 1959, a URSS lançou o projeto Luna, que permitiu fotografar a superfície da lua pela primeira vez. Em abriu de 1961, os norte-americanos foram superados outra vez, com o primeiro voo tripulado pelo homem: o cosmonauta Yuri Gagarin, a bordo da nave Vostok I, foi o primeiro homem a orbitar a Terra. Sua frase “A Terra é azul”, é uma das mais famosas da história.
· A partir de então, o objetivo dos Estados Unidos passou a ser pisar na Lua. Foi investido um grande capital em pesquisas espaciais, que permitiu em 1962 que um norte-americano (John Gleen) também orbitasse o planeta. Em 1963, a União Soviética enviou ao espaço a primeira mulher, a russa Valentina Tereshkova.
· A hegemonia espacial dos dois países foi sendo colocada à prova diversas vezes. Foguetes e naves tornaram-se mais sofisticados, assim como o conhecimento de outros países e do Universo. Nem os acidentes ocorridos ambos conseguiram interromper a disputa.
· Em 1969, dois dos três astronautas da nave Apollo II pisaram na Lua, um evento transmitido ao mundo pela televisão. Após essa conquista, a corrida espacial estagnou. Em 1975, soviéticos e norte-americanos acoplaram suas naves no espaço, realizando experimentos e trocando informações. Chegando ao fim as grandes rivalidades. Talvez esse fato já demonstrasse o que mais alguns anos se tornaria público, a estagnação soviética e o fim de um período de 70 anos, desde Lênin e os bolcheviques até a Perestroika e a Glasnost.
· Nos anos 1980, os russos criaram a estação espacial Mir, pois dessa forma seria possível a instalação de módulos espaciais na órbita terrestre, com a finalidade de receber pesquisadores para longa permanência no espaço. Em março de 2001, após quinze anos de pesquisas, a Mir foi desativada.
· A conquista espacial trouxe diversos benefícios para a vida moderna. Vários produtos utilizados no dia a dia originaram-se de estudos com a finalidade da ida do homem ao espaço. Comidas desidratadas, o velcro usado para substituir os botões, a liga de carbono, muito leve usada como isolante térmico em espaçonaves, também para armações de óculos. Diferentes tipos de tintas, técnicas de análises de imagens, máquinas em miniatura, ferramentas e o teflon utilizado em panelas.
A tecnologia das imagens orbitais e a Guerra Fria
· A corrida armamentista e espacial possibilitou o surgimento de novas tecnologias pelas superpotências com a finalidade de conhecer e espionar os territórios alheios. A partir dos anos 1950 paralelamente aos avanços bélicos e espaciais, houve um grande avanço no desenvolvimento de técnicas de sensoriamento remoto.
· Aviões equipados com câmeras aerofotográficas. Aeronaves utilizadas em atividades de espionagem visando bases militares, equipamentos de guerra. Essas aeronaves eram utilizadas em espionagem, dessa forma poderiam localizar bases militares, equipamentos e deslocamento de tropas determinando assim, alvos e estratégias mais eficazes.
· Entre os principais aviões espiões fabricados durante a Guerra Fria está o norte-americano U-2, capaz de obter imagens em qualquer condição climática dos territórios inimigos por meio de câmeras e potentes radares. As imagens obtidas pelo U-2 permitiram que os norte-americanos descobrissem operações secretas soviéticas.
· Outro legado tecnológico fundamental foi o desenvolvimento das imagens orbitais obtidas por meio de satélites artificiais. Primeiro foram desenvolvidos os satélites artificiais de comunicação e, a partir da década de 1960, surgiram os satélites de monitoramento climático, oceânicos e ambientais.
· Nos anos 1970, o governo brasileiro criou o Projeto Radam da Amazônia, com base na tecnologia de radares para obtenção de imagens orbitais desenvolvida pelos norte-americanos.
· O Projeto Radam tinha o objetivo de realizar um grande levantamento dos recursos do solo e do subsolo da região. Com o auxílio da Nasa, a força aérea brasileira equipou um avião com radar e instrumentos  específicos  para obtenção de imagens, até então inéditas, da área da floresta.
· Em 1975, o projeto passou a ser denominado Radam Brasil, produzindo imagens de todo o território nacional, permitindo um mapeamento geomorfológico, geológico, botânico e cartográfico de nosso país.
Tipos de satélite
· Satélites meteorológicos: permite aos cientistas monitorar o deslocamento de massas de ar e correntes marítimas, além da formação de fenômenos atmosféricos.
· Satélites de recursos terrestres: seus sensores eletrônicos especiais possibilitam o monitoramento de extensas áreas da superfície do globo, gerando imagens de regiões habitadas e transformadas pela ação humana.
A nova ordem e o mundo multipolar
· A extinção da União Soviética e a reaproximação dos países da Europa Oriental e as potências capitalistas levaram  o socialismo a um enfraquecimento em escala mundial. A velha ordem bipolar, caracterizada pela oposição entre capitalismo e socialismo, deu lugar a uma nova realidade geopolítica. Atualmente, apenas alguns países adotam o regime socialista, entre eles China, Coréia do Norte e Cuba.
· A crise soviética favoreceu a aproximação socioeconômica entre Inglaterra, França e Alemanha, resultando na criação da União Europeia (UE), juntamente com Japão e Estados Unidos passaram a dividir a hegemonia mundial no plano econômico.
· A União Europeia surgiu no começo da Guerra Fria, possibilitando aos países da Europa Ocidental ajudar-se mutuamente promovendo a reconstrução de suas economias. Nas últimas décadas, a UE consolidou-se e tornou-se o maior bloco econômico do mundo.
· O governo do Japão recebeu grandes investimentos do governo norte-americano reerguendo a economia do país. Na década de 1980 o Japão já despontava como a segunda economia mundial, atrás apenas dos Estados Unidos.

· No início da década de 1990, uma nova ordem geopolítica mundial surgia. Composta de vários polos ou centros de poder, dos quais se destacam EUA, EU e Japão. O sistema econômico em questão é o capitalismo constituindo o chamado mundo multipolar.

Fonte: Geografia, Espaço e Vivência. Ed. Saraiva, 2010. 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Região geoeconômica Nordeste



· O quadro humano e econômico do Nordeste apresenta grandes diferenças, sobretudo quando comparamos as características do litoral com as do interior da região. O interior, dominado pelo clima semiárido, é pouco povoado e bem menos desenvolvido economicamente, ao contrário da faixa litorânea, que concentra grande parte da população e os maiores centros urbanos e industriais da região.
·    Em relação ao quadro natural, esses contrastes podem ser observados nos diferentes tipos de relevo, clima e vegetação existentes na região. O clima semiárido predominante no interior da região deu origem à Caatinga, ecossistema formado por uma vegetação mais resistente e adaptada ao clima bastante quente e seco. O clima quente e úmido que predomina ao longo da faixa litorânea favoreceu o desenvolvimento da floresta Tropical, que, originalmente, se estendia desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul.
·  Devido a essa diversidade do quadro natural, podemos dividir o Nordeste em quatro sub-regiões: a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-Norte.
As sub-regiões:
·    Zona da Mata: Região de clima quente e chuvoso, originalmente coberta pela floresta Tropical, nesta porção litorânea também chamada de Mata Atlântica (daí a denominação Zona da Mata). É a região mais povoada e industrializada do Nordeste, com importantes centros urbanos e indústrias, como Salvador e Recife, e grandes latifúndios monocultores de cana-de-açúcar, a base da economia colonial e presente na paisagem até os dias atuais. Essas áreas antes eram antes ocupadas pela floresta Tropical, mas a vegetação acabou por ser substituída. Lugar de onde todo o pau-brasil já havia sido retirado. A vegetação ocupava a borda leste das serras e chapadas que margeiam a faixa litorânea.
·    Outro fator que contribui para o desaparecimento da Mata Atlântica nessa sub–região é que nela foram estabelecidos povoamentos que se transformaram em importantes cidades: as capitais dos estados do Rio grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas, de Sergipe e da Bahia, o que a tornou a mais populosa das sub-regiões.
· Além de ser a sub-região mais industrializada e desenvolvida economicamente, apresenta muitos problemas sociais, tais como condições precárias de muitas moradias nos centros urbanos, elevado índice de desemprego e salários muito baixos, principalmente nas atividades agropecuárias.
·   Agreste: Região de transição entre a Zona da Mata e o Sertão, apresentando trechos mais secos, onde predomina a Caatinga. Enquanto na Zona da Mata prevalecem os latifúndios monocultores, no Agreste predominam os minifúndios policultores com destaque para à produção agrícola (feijão, mandioca, milho, café e algodão).
·   Também se desenvolveram a pecuária leiteira e as indústrias de derivados do leite e de bens de consumo, principalmente doces, sucos geralmente desenvolvidas em pequenas e médias propriedades. Também as indústrias de móveis, calçados e têxteis.
·           O comércio é outra atividade muito importante do Agreste. Nesse setor, destacam-se as feiras livres das cidades de Campina Grande, no estado da Paraíba; Feira de Santana e Vitória da Conquista, na Bahia; Caruaru e Garanhuns, no estado de Pernambuco.
·    Muitos municípios do Agreste cresceram em decorrência da produção algodoeira, que se expandiu nessa sub-região, a partir do século XIX, e impulsionou indústrias têxteis, já no século XX.
·    As inovações tecnológicas incorporadas à produção, nas últimas décads, resgataram a importância do algodão no Agreste, onde essa cultura tinha praticamente desaparecido em consequência de uma doença devastadora, conhecida como “bicudo algodoeiro”.  
·      Campina Grande, na Paraíba, convive com a cultura do algodão desde o início do século XX. Hoje, a cidade tem um polo têxtil  consolidado  e destaca-se no cenário nacional não só  pela quantidade da produção, mas por um diferencial tecnológico: o algodão colorido, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e exportado para países da América Latina e da Europa.
·     Resultado de doze anos de pesquisa – desenvolveu-se a partir de uma variedade nativa da região, conhecida como mocó –, o algodão em tons de marrom ajudou a fortalecer a cidade como polo têxtil e levou as fábricas da região a se organizarem para conquistar o mercado externo.
·      Sertão: é a maior sub-região do Nordeste, o sertão nordestino também é conhecido como Nordeste seco.  Dominada pelo clima semiárido, quente e seco, com curtos períodos chuvosos que duram de dois a três meses do ano. A Caatinga é a vegetação típica do Sertão, formada por plantas resistentes e adaptadas à falta de água, como os cactos. No período das estiagens, os leitos de muitos rios que correm no Sertão secam completamente (são os chamados rios temporários).
·    No interior do Sertão, em algumas áreas de vertentes de serra ou em zonas de transbordamento de rios, há terrenos planos encharcados, originados a partir de rios permanentes ou intermitentes. São os chamados brejos, áreas para onde são carregados pela enxurrada, na época chuvosa, os materiais decompostos. Depositando-se no solo, esses materiais formam uma camada mais espessa e úmida, propícia à agricultura.
·     A pecuária extensiva e a agricultura comercial de frutas, café, algodão, soja, milho, feijão, arroz e mandioca são as principais atividades do Sertão. A maioria da população rural dessa sub-região vive da agricultura e da pecuária de subsistência.
·    Meio-Norte: é a região que abrange o estado do Maranhão e a maior parte do estado do Piauí. Região de transição entre o Sertão, de clima semiárido, e a Amazônia, de clima equatorial quente e úmido. Por isso, a região apresenta vegetação bastante variada, com a presença da Caatinga, no Piauí, do Cerrado, da Mata dos Cocais e também da floresta Amazônica, no Maranhão.
·   A Mata dos Cocais, explorada pelas atividades de extrativismo vegetal. Da carnaúba, extraem-se óleos e ceras para fabricação de velas e lubrificantes. Da palmeira de babaçu, é possível extrair o palmito e o coco para a produção de óleos usados pelas indústrias, como a de cosméticos.
·    A maior parte da mão de obra envolvida na extração do coco de babaçu é de mulheres, as chamadas quebradeiras, que trabalham em condições precárias.  Muitas vezes elas precisam pagar para entrar nas fazendas onde há as palmeiras, que são particulares, e onde geralmente também se pratica a pecuária. Uma das soluções encontradas por essas trabalhadoras para enfrentar as dificuldades foi organizarem-se em cooperativas.
·      A economia do Meio-Norte tem se baseado também na criação de gado e na cultura de algodão e de arroz.
·   Nas últimas décadas, no Meio-Norte, vem ocorrendo à expansão da cultura da soja, destinada à exportação. Isso aumentou ainda mais a concentração da propriedade rural nas mãos de poucos e intensificou os conflitos pela terra. Apesar dos problemas criados a cultura mecanizada da soja tornou-se uma das mais importantes atividades econômicas dessa sub-região.
·      A soja produzida é exportada pelo Porto de Itaqui, em são Luís, capital do maranhão e principal cidade do Meio-Norte, onde se concentram as atividades de comércio e serviços. Além da soja, pelo Porto do Itaqui também se exporta boa parte dos minérios extraídos da Serra dos Carajás, no Pará, que ali chega pela estrada de ferro Carajás – Itaqui.     
O fenômeno da seca no Sertão
·     O clima semiárido do Sertão é o mais seco do país, com pluviosidade média anual de 1000 milímetros (mm). Em 50% do Sertão, no entanto, os índices variam entre 500 mm e 750 mm. Porém, em certas áreas dessa sub-região, a quantidade de chuvas durante o ano não chega a 300 mm.
·      Além de poucas, as chuvas no Sertão são mal distribuídas ao longo do ano. Em geral, as épocas mais chuvosas vão de dezembro a abril, sendo que, em determinadas áreas, os períodos de estiagem são mais prolongados e podem durar até 11 meses sem chover uma única vez.
·    Quando as chuvas não caem na época prevista e o período de estiagem se prolonga de um ano para o outro acontece a seca. A ocorrência das secas está associada, entre outros motivos, às mudanças que ocorrem na circulação atmosférica provocada pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico, fenômeno conhecido por El Niño.
·     Com o El Niño, uma zona de alta pressão atmosférica se estabelece sobre o Sertão nordestino, impedindo chegada de massas de ar úmidas, que vem vêm da Amazônia e do oceano Atlântico, e das frentes frias vindas do sul do país, que normalmente levariam chuvas ao Sertão.  
·        Observação: no Sertão nordestino durante o El Niño, o que aumentam são as estiagens.
·       As características do relevo nordestino também contribuem, em grande parte, para a escassez de chuvas no Sertão. As altitudes mais elevadas ao longo da faixa litorânea, principalmente as encostas íngremes do planalto da Borborema, que se estende desde o Rio Grande do Norte até Alagoas, funcionam como uma barreira aos ventos úmidos que sopram do oceano.
·    Ao se deparar com esse relevo, os ventos carregados de umidade se elevam, formando as nuvens que dão origem a chuvas intensas e frequentes. Assim, quando chegam ao interior do continente, os ventos já perderam a umidade e estão muito secos, o que dificulta a formação de nuvens e a ocorrência de chuvas.
O lugar mais seco do Brasil
·       O município de cabeceiras, com apenas 4907 habitantes, localizado no interior do estado da Paraíba, a 184 quilômetros da capital João Pessoa, pode ser considerado o mais seco do país. Nesse município, chove em média apenas 331 mm durante o ano interior, o menor índice pluviométrico do país. Esse índice equivale à mesma quantidade de chuvas que ocorre em um único mês em certas regiões da Amazônia.
Seca e movimento populacional do Nordeste
·    Além das mudanças ocasionadas na paisagem, a seca também provoca consequências diretas sobre a população que vive no Sertão. Durante as secas mais prolongadas, a falta de água prejudica os camponeses, sobretudo os pequenos proprietários rurais, que perdem suas lavouras de subsistência e os pequenos rebanhos. Sem condições de sobreviver com o sustento da terra, muitas famílias abandonam o campo e migram para outras áreas fugindo das secas.
·    Entre as décadas de 1950 e 1980, os migrantes nordestinos dirigiram-se principalmente para o Sudeste, sobretudo para o estado de são Paulo, em busca de trabalho nas fábricas ou na construção civil.
·    Outras correntes migratórias também ocorreram em direção ao Centro-Oeste do país, durante a construção de Brasília, e para a Amazônia, nas novas áreas de fronteira agrícola.
·  Mais recentemente no entanto, grande parte dos trabalhadores que deixam o Sertão tem migrado para as grandes cidades da própria região Nordeste, como Salvador, Recife e Fortaleza, entre outras que estão passando por um período de crescimento econômico. Essa migração tem causado sérios problemas, como inchaço populacional e aumento da favelização.
·  A migração em direção aos grandes centros urbanos contribui para o crescimento desordenado das periferias, como ocorre na cidade do Recife, capital do estado de Pernambuco.
 Fonte: Imagens Google. Projeto Araribá. Ed. Moderna, 2010.